1. azul marinho
2. magenta
3. carmim
4. ciano
5. verde água
6. cinza
7. vermelho fogo
Não se trata formalmente de estudos guitarrísticos, no sentido técnico e tradicional do termo, mas de pequenas peças que se organizam à volta de uma certa leitura das cores e das suas sugestões visuais. Tal como acontece, de resto, em muitas outras peças que compus, diversos aspectos de carácter extra-musical acompanham de perto a construção e evolução do discurso, podendo inspirar o ambiente geral, o perfil da obra, a sua definição no espaço e no tempo. Isto tem quase sempre a ver com o caracter predominantemente poético da escrita musical e com a sua capacidade de comunicação sensorial.
Cada uma destas pequenas peças tem uma escrita individualizada, concentrada propositadamente em muito poucos elementos, pretendendo gerir um espaço musical de características muito próprias, de percepção natural e sem verdadeiros desenvolvimentos. Há por aqui um visível exercício de economia de meios, concentrando em muito pouco tempo o que noutras circunstâncias poderia dar lugar a peças de muito maior dimensão.
O carácter da escrita de cada peça pretende sugerir algumas outras formas de ler as cores, tentando ouvir como poderá soar azul marinho, magenta, vermelho fogo… Bem sei que não existe nenhuma relação directa entre uma leitura visual e musical do mesmo fenómeno, mas apetece-me pensar que posso senti-lo dessa forma e sugerir essa leitura.
Estes pequenos estudos foram compostos de forma descontinuada entre Abril e Maio deste ano de 2020, em tempos de confinamento. Mas não têm qualquer carácter reactivo e muito menos uma motivação dramática. Antes, pretendem ser a reafirmação do lugar da arte nas nossa vidas, para todos os dias, pelo menos para mim.
Fernando C. Lapa