4 Vozes, Mimo, Piano e Electroacústica sobre Suporte
4 Vozes, Mimo, Piano e Electroacústica sobre Suporte
Título do documento Zoocratas
Subtítulo Fábula Pseudo-Fictícia em 1 Acto
Data de Composição 1984 · 1987
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Teatro Musical
com electroacústica sobre suporte
Instrumentação Sintética 4 Vozes, Mimo, Piano e Electroacústica sobre Suporte
Estreia
Data 1988/May/11
Intérpretes
Helena Afonso (soprano), Manuela Santos (mezzo-soprano), Fernando Serafim (tenor), João Lourenço (barítono), Lindanor Xavier (figurante), Nuno Vieira de Almeida (piano)
Entidade/Evento 12ºs Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
Local IFICT - Instituto de Formação e Criação Teatral
Na tradição musical europeia do pós-guerra, o riso ou mesmo o sorriso tornaram-se pecaminosos, depois de terem sido inviabilizados pelas correntes expressionistas e pelas técnicas atonais e seriais. A "opera-buffa" já tivera a sua época. A sátira e a caricatura musical não se encontraram, na Europa do século XX, condições de desenvolvimento. O "caso Satie" e algumas incursões de Stravinsky ou de outro "rebelde" reputado constituem ainda excepções do nosso continente identificadas com o abandono da seriedade inerente à música "séria".
O desenraizar destes conceitos e consequente desdramatização de infortúnios inevitáveis resumem a posição assumida em Zoocratas (1984-1987), em que imperam a crítica irónica e o auto-reconhecimento do ridículo. As situações são apresentadas como "cartoons" animados, em que tudo aparece despojado de velhas fórmulas e dos costumeiros adereços vídeo-auditivos:
- Dispositivo cénico reduzido aos elementos funcionais;
- Relação tempo de acção cénica/tempo real, tendendo para a convergência;
- Personagens envergando vestuário de todos os dias;
- Formas de emissão vocal privilegiando a palavra, renunciando às tradições do canto lírico;
- Efectivos instrumentais limitados a uma unidade.
Os cantores utilizam, além do canto melódico e do discurso falado, mais quatro formas de emissão vocal: "Sprechgesang" e declamação melódica, rítmica e melódico-rítmica, alternando ou derivando progressivamente de uma para outra. A inteligibilidade do texto verbal, sem necessidade de um recurso à leitura prévia ou posterior do argumento, exige aqui uma quase total ausência do empolamento vocal imposto pelas tradições líricas e de concerto.
O piano actua como comentador da acção, como acompanhador de recitativos ou ainda exercendo funções solísticas, nos interlúdios ou entre cenas. O quarteto vocal que termina a fábula é uma concessão à forma tradicional deste tipo de narrativa. Neste caso, a "moral da história" é a do aprendiz de feiticeiro enredado na teia que ele próprio teceu ou ajudou a consolidar. Convém não esquecer que toda e qualquer divergência entre factos aqui relatados e outros da vida real é mero acidente...
Filipe Pires
Encomenda
Data 1988
Entidade Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Música
Helena Afonso (soprano), Manuela Santos (mezzo-soprano), Fernando Serafim (tenor), João Lourenço (barítono), Lindanor Xavier (figurante), Nuno Vieira de Almeida (piano)