Jovem compositor que em abril completou 30 anos, sendo uma das vozes mais ativas no contexto da música contemporânea em Portugal - Pedro Lima está Em Foco no MIC.PT em setembro.
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1. Em homenagem à Música e aos compositores portugueses
2. Em homenagem a Franco Donatoni
3. Em homenagem a Gérard Grisey
4. Em homenagem a Olivier Messiaen
5. Em homenagem a Luciano Berio
6. Em homenagem a Wolfgang Amadeus Mozart, Pierre Boulez e Steve Reich, gentilmente reunidos por Marc-André Dalbavie
7. Em homenagem a Marc-André Dalbavie
8. Em homenagem a Miguel Azguime e ao Sond'Ar-te Electric Ensemble
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Música de câmara (de 2 a 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano
Depois de Ausgraben und Erinnern (2006, encomenda da Miso Music Portugal), que significa literalmente "escavar e recordar", muito pensei no livro de Luciano Berio com as suas lições de Harvard, intitulado Remembering the Future (Harvard University Press, 2006), e especialmente na sua lição sobre Translating Music. Porque o acto de escavar e recordar – tão bem descrito por Walter Benjamin no seu texto com o mesmo título (in Imagens de Pensamento, vol. 2 das suas obras escolhidas e traduzidas por João Barrento, Assírio & Alvim, 2006) – é um acto de auto-análise, que está presente no fazer de todo o músico. E Berio fala-nos precisamente deste gesto de escavar e recordar ao defender, nesta lição de Harvard, a noção de transcrição como elemento endógeno ao trabalho do compositor, que se estende desde formas mais ou menos explícitas de relacionamento com elementos do passado ou elementos alheios, até formas mais ou menos subtis, implicadas na sua própria invenção.
Ora, tudo isto se passa inevitavelmente no espaço do O'culto da Ajuda, em que a música é permanentemente traduzida – dos instrumentos para a electroacústica, e da electroacústica para os instrumentos –, num múltiplo jogo de espelhos, que tanto me apraz. Open Enclosure pretende retratar esta encruzilhada na invenção do compositor, simultaneamente aberto a todos os eventos exteriores à sua invenção, que se imiscuem nela e lhe pedem transcrição/tradução, e fechado no seu próprio fazer, enredado nos múltiplos planos do seu compor. Trata-se de uma peça onde revisito a minha própria escrita, ao mesmo tempo que procuro sair da sua trama, ensaiando novos gestos. Gestos estes, que me surgem tanto do universo norte-americano da música minimal repetitiva e da música popular como da herança europeia que inevitavelmente transporto.