Como é de certo modo sabido, sempre gostei de bichos - e também sempre os quis ter em casa. Um dos meus preferidos, em Viena, foi o gato Barnabé, que saía todas as noites em digressão pelos telhados e só regressava a horas tardias em que eu normalmente já dormia...
Uma vez, acordei de madrugada e verifiquei com inquietação que o Barnabé não voltara, o que determinou que tivesse uma insónia e optasse por me sentar ao piano a compor com o pedal da surdina em baixo, à espera de que o Barnabé reaparecesse.
E quando efectivamente isso aconteceu, o dia já clareava - e a peça que escrevi por inteiro durante essa espera um tanto angustiada, seria obviamente dedicada ao seu inspirador...
António Victorino d'Almeida