Compositor, investigador e Professor Associado na Universidade de Ciências Aplicadas de Mainz – Paulo Ferreira-Lopes está Em Foco no MIC.PT em maio, para assinalar seu 60.º aniversário.
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Peça finalista na New York Contemporary Music International Competition (1989)
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Música de câmara (+ de 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética Ensemble Instrumental
Estreia
Data 1987
Intérpretes
Ecyo
Lutz Kohler (direcção)
Local Alte Oper
Localidade Frankfurt
País Alemanha
Notas Sobre a Obra
Threads I (para oboé, corne inglês, viola, piano, celesta e contrabaixo) foi encomendada pelo Serviço ACARTE da Fundação Calouste Gulbenkian, e foi dedicada ao Opus Ensemble, tendo sido estreada em 1987, no Centro de Arte Moderna da Fundação por ocasião da comemoração do centenário do nascimento de Amadeo de Sousa Cardoso. A versão original de Threads II (para 12 instrumentos) foi encomendada pela Orquestra Sinfónica Juvenil da Comunidade Europeia, como peça representativa de Portugal no Festival da Juventude, realizado na Alemanha, no Verão de 1987. A nova versão (corrigida) de Threads II que será executada no programa de hoje teve a sua estreia mundial pelo Contemporary Ensemble de Stony Brook, sob a direcção do maestro Arthur Weisberg, no dia 21 de Abril do ano corrente.
Threads I e II são duas peças cuja construção é baseada no mesmo material melódico-harmónico-rítmico.
A estrutura destas obras foi gerada a partir de um conjunto fixo de relações harmónicas que são mantidas constantes durante toda a peça. Estas relações dão origem aos "threads" (palavra inglesa que significa fios ou teias de fios) que trazem coerência ao desenvolvimento dos acontecimentos musicais, e contêm em si próprios o potencial para a criação de estruturas derivadas que darão origem à maior parte dos eventos sonoros da peça.
Embora no processo de escuta da obra estas relações fundamentais sejam de uma forma geral claramente audíveis, procurou-se criar uma espécie de relação dialéctica entre essas estruturas e o conteúdo geral da peça. Dessa forma, estas relações por vezes são obscurecidas ou entram em conflito com o desenrolar dos acontecimentos musicais, outras vezes controlam a totalidade do discurso musical.
Só no final da peça a tensão criada parece resolver-se, quando o grupo de relações que geraram todos os "threads" da obra é apresentado na sua forma mais simples e clara.
Numa certa perspectiva poderíamos eventualmente dizer que a obra não tem começo nem fim, mas é uma elaboração sobre um grupo de "threads" cujo carácter é extra-musical e infinito.
"... a nossa vida na terra é um momento entre a eternidade passada e a eternidade futura..."
João Pedro Oliveira