“Ela [a utopia] está no horizonte – disse Fernando Birri –. Se eu caminho 2 passos, ela afastase 2 passos. Caminho 10 passos e o horizonte corre mais 10 passos. Por muito que caminhe nunca a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar.” – Eduardo Galeano, Las palabras andantes? (1993)
State of(f) Emergencies engloba em si dois conceitos opostos.
O primeiro, a evocação do presente e a reacção a um viver em permanente estado de emergência que atravessa os diferentes aspectos da vida. As crises: o clima, a economia, as relações, os direitos, as fragilidades. Tudo por um fio.
Estes aspectos poderão ser sugeridos musicalmente pelas diferentes camadas instrumentais que criam um resultado contrapontístico complexo, sonoridades agressivas acrescidas de ruído que são somadas ao universo electrónico descontínuo e imprevisível.
O segundo, o direito a sonhar, ao delírio, sem estados de emergência, que procura a estabilidade e a serenidade. Este poderá ser traduzido musicalmente pela exploração de sonoridades mais leves, contidas, como os sons eólicos dos sopros, ou o col legno nas cordas, convidando o ouvinte a um estado mais introspectivo.