Para iniciar o ano de 2025, o MIC.PT apresenta na secção Em Foco uma nova entrevista com Amílcar Vasques-Dias – compositor, pianista e improvisador – cujo 80.º aniversário terá lugar no próximo mês de março.
Com raizes e influências estendidas entre a cultura alentejana, o Alto Minho e a música de José Afonso, Amílcar Vasques-Dias desenvolveu durante 14 anos a sua atividade nos Países Baixos, nomeadamente no Conservatório Real de Haia. A sua produção engloba música de câmara instrumental e vocal, peças solistas, eletroacústica, orquestra sinfónica, orquestra de metais, coro, ópera, obras multimédia e música para filme e teatro. Tem recebido encomendas de várias instituições públicas e privadas holandesas e portuguesas. Paralelamente à sua atividade de composição, desenvolve projetos de fusão do piano «erudito» com músicas tradicionais, como o cante alentejano, o baile e o cante flamencos, dedicando-se também à recriação da música de José Afonso. Amílcar Vasques-Dias foi docente na Escola Superior de Música de Lisboa, na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo no Porto, nas Universidades de Aveiro e de Évora, tendo sido ainda diretor artístico do Encontro do Alentejo de Música dos Séculos XX e XXI.

Punto di Fuga (2024) é a nova obra de Ângela da Ponte (compositora editada pelo MIC.PT), uma encomenda do GMCL – Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, cuja estreia absoluta irá decorrer no próximo dia 19 de janeiro na Casa da Música Jorge Peixinho no Montijo. Neste concerto, o GMCL, sob a direção de Rui Pinheiro, irá também apresentar várias obras de Jorge Peixinho. No dia seguinte, 20 de janeiro, o GMCL interpretará a obra Punto di Fuga novamente, no âmbito de uma sessão para escolas. «A invenção leva à pesquisa e o contrário também. Alimentam-se. Muitos criadores acham que a sua arte não é pesquisa, mas isso não é verdade. Há sempre um elemento de pesquisa, por mais pequeno que seja. A música nunca é verdadeiramente só música. É ciência, literatura, movimento, cor. Aprendemos muito quando olhamos a partir de outra perspetiva e é na interseção entre áreas que algo novo pode surgir», diz Ângela da Ponte na entrevista dada ao MIC.PT editada e incluída no Caderno #24, lançado no passado mês de dezembro no âmbito da série do MIC.PT, Cadernos da Criação Musical Portuguesa dos Séculos XX e XXI.

O compositor Fernando C. Lapa (editado pelo MIC.PT) contará com várias apresentações de obras da sua autoria ao longo do mês de janeiro. Em comemoração do seu 75.º aniversário, a cidade de Vila Real receberá vários concertos, incluindo duas estreias mundiais no dia 10, no Teatro Municipal. As estreias, Canções de Luz e de Mistério (para violino e orquestra de cordas) e De Azul (para flauta e orquestra de cordas), serão interpretadas por Eliseu Silva (violino), Monika Streitová (flauta) e pela Orquestra AMASING, sob a direção de Luciano Pereira. Ainda em Vila Real, no dia 25, destaca-se a apresentação da ópera AURORA – Ópera para uma Epopeia dos Tempos Modernos (2024), uma composição conjunta de Fernando C. Lapa, Tomás Marques e Telmo Marques. A obra conta com os solistas Sara Braga Simões, Job Tomé, o Coro Lira e um ensemble instrumental. Por fim, em Amarante, no dia 11, na Igreja de São Pedro, será apresentada a obra Para um Natal Português (n.º 1, 2 e 4). A composição, para coro e orquestra, será interpretada pelo Grupo Coral de Vila Chã do Marão e pelo Amaranthus Ensemble, sob a direção de Plácido Carvalho.

O projeto de Hugo Vasco Reis (compositor editado pelo MIC.PT), Sonic Figures Project, será apresentado pelo próprio compositor (composição e eletrónica) e por Trevor McTait (viola d’arco) a 17 de janeiro às 21h00 no O’culto da Ajuda em Lisboa, no contexto do Art’s Birthday 2025 – Euroradio Ars Acustica Special Evening. A premissa do Sonic Figures Project «consiste na escuta e mediação de ambientes sónicos silenciosos, envolvendo experimentação, reflexão, colaboração e criação», diz Hugo Vasco Reis nas notas introdutórias ao projeto. E continua: «Seguindo uma abordagem que inclui associações metafóricas, projeta-se um horizonte sónico de intenção, especulação e subjetividade, onde uma gota de água pode ser mais audível do que uma cascata». Com transmissão em direto a partir de vários países, o Art’s Birthday é uma celebração em homenagem ao artista francês Robert Filliou que declarou, a 17 de janeiro de 1963, que a Arte teria nascido exatamente há 1.000.000 anos, quando alguém deixou cair uma esponja seca num balde de água! A transmissão de Lisboa será realizada pela Antena 2.

A obra Blackout Phase (2019) para guitarra elétrica, percussão, eletrónica e luz de Igor C. Silva, uma encomenda do Drumming – Grupo de Percussão, será interpretada pelo UIC Percussion Ensemble a 31 de janeiro no âmbito da IMEC – Illinois Music Educators Conference (EUA), uma iniciativa da Illinois Music Education Association. Dirigido por Jordan Kamps, o UIC Percussion Ensemble é um grupo criado em 2013 na Escola de Teatro e Música da University of Illinois Chicago, que tem no repertório obras canónicas para percussão e novas criações musicais. Até agora, o Ensemble realizou estreias de peças de vários compositores contemporâneos, nomeadamente, Bruce A. Russel, Ivan Trevino e Igor C. Silva. «Desde cedo que a minha música se tornou rapidamente influenciada pelos meios tecnológicos, seja o computador ou instrumentos elétricos. Esta influência deve-se claramente ao facto de ter estudado guitarra elétrica, instrumento inerente à manipulação sonora», revelou Igor C. Silva (compositor editado pelo MIC.PT) na entrevista publicada no MIC.PT em setembro de 2015.

Entre os dias 15 e 26 de janeiro, Jaime Reis (compositor editado pelo MIC.PT) irá realizar uma residência artística nos estúdios da associação Musiques & Recherches localizada na Bélgica, no contexto da qual irá trabalhar numa nova composição musical. Adicionalmente, durante este mês, duas obras de Jaime Reis irão ser apresentadas em Portugal e na Bélgica. A primeira, o Interlúdio II para violino e eletrónica, do teatro musical Bartolomeu, o voador (2017–2018), está incluída no programa do concerto organizado no âmbito dos Encontros Electroacústicos, uma iniciativa do Projecto DME e do Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira, que terá lugar no dia 13 no Instituto Goethe em Lisboa. A segunda obra, Sangue Inverso: Quartzo (IV) e Sangue Inverso: Rosa do Deserto (V) (2022) faz parte do programa dos concertos na interpretação do Ensemble DME (flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano), sob a direção de Pedro Pinto Figueiredo, que terão lugar nos dias 20 e 23 de janeiro, respetivamente, no Lisboa Incomum e no Le Senghor (Festival LOOP) em Bruxelas (Bélgica).

Duas obras de João Pedro Oliveira (compositor editado pelo MIC.PT) fazem parte do programa do concerto organizado no âmbito dos Encontros Electroacústicos, que terá lugar no Instituto Goethe em Lisboa no próximo dia 13 de janeiro. As obras são: A Tre (2008) para piano a quatro mãos e eletrónica, na interpretação de Beatriz Lemos e Hugo Morais e In Tempore (2000) para piano e eletrónica, na interpretação de António Narciso. Uma iniciativa do Projecto DME e do Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira da Escola Superior de Música de Lisboa e com a coordenação de Jaime Reis, os Encontros Electroacústicos proporcionam atividades pedagógicas destinadas a estudantes do ensino artístico especializado para conhecerem o universo da música eletroacústica. Com workshops, ensaios e o concerto final no dia 13, esta iniciativa familiariza os participantes com a música eletroacústica, nomeadamente, com o espaço necessário para a sua criação e difusão – a mesa de mistura e o sistema de altifalantes em forma de cúpula com 16 canais instalado no Lisboa Incomum.

Em 2024, o GMCL – Grupo de Música Contemporânea de Lisboa gravou e editou o quarto volume da série de gravações dedicado à obra do seu fundador, Jorge Peixinho (compositor editado pelo MIC.PT). O registo fonográfico foi inteiramente realizado na Casa da Música Jorge Peixinho, entre abril e julho do ano passado. Neste sentido, em janeiro, nos dias 17 e 20, respetivamente, no Palácio dos Arciprestes (Linda-a-Velha) e na Casa da Música Jorge Peixinho (Montijo), o GMCL, com o maestro Rui Pinheiro, realizará concertos de apresentação do CD Jorge Peixinho – Vol. IV (ed. la mà de guido). O programa destes concertos, que culminarão com um convívio entre o público e os músicos, incluirá várias obras de Jorge Peixinho: Estrela (1962), Situações 66 (1966), Ulivi Aspri e Forti I (1982) e Sine nomine (1987–1988).

Em janeiro, Mariana Vieira (compositora editada pelo MIC.PT) contará com a interpretação da peça Lissabonleipzig (notes added to a text), composta em 2023 (encomenda, Gewandhaus Leipzig). A obra para flauta, clarinete baixo, violino e eletrónica será tocada por Mafalda Carvalho, Carlos Silva e Beatriz Costa, respetivamente. O concerto contará ainda com a intervenção de outros membros do Ensemble DME como Alex Waite, no piano, e Ângela Carneiro, no violoncelo, além da direção por Pedro Pinto Figueiredo. Lissabonleipzig integrará o programa do concerto marcado para 20 de janeiro no Lisboa Incomum. Este será o primeiro concerto no qual o agrupamento DME se apresentará enquanto quinteto. Três dias depois, a 23 de janeiro, o Ensemble DME tocará a peça de Mariana Vieira no Le Senghor, em Bruxelas.

A 5 e 11 de janeiro, Miguel Azguime (compositor editado pelo MIC.PT) juntar-se-á à Jovem Orquestra Portuguesa, sob a direção de Pedro Carneiro, para desempenhar o papel do narrador na interpretação da obra Coming Together (1971) de Frederic Rzewski. Como revelam as notas no site da JOP: «Combinada com o texto de Sam Melville, resgatado por Rzewski a partir de cartas que Sam havia escrito na prisão em Attica, Rzewski utiliza uma única linha melódica, pulsação vital que floresce através da flexibilidade da improvisação, num extraordinário cruzamento entre o cânone medieval e as origens do minimalismo de Terry Riley, transmitindo-nos um inabalável fulgor efervescente contra as injustiças sociais». Os dois concertos, que contarão com a encenação de Teresa Simas, decorrerão no São Luiz Teatro Municipal em Lisboa e no Theatro Circo em Braga.

A obra em palavra a noite (2017) para soprano e piano de Paulo Bastos (compositor editado pelo MIC.PT), faz parte do novo CD OUTONALMA do Duo Tágide, com Inês Simões (soprano) e Daniel Godinho (piano). Lançado no final de 2024, com o apoio da Fundação GDA, este novo álbum reúne obras para voz e piano de cinco compositores portugueses contemporâneos: além de Paulo Bastos, mais três compositores editados pelo MIC.PT – António Chagas Rosa, Fátima Fonte e Fernando C. Lapa; e ainda Vasco Mendonça. Como diz o Duo Tágide na introdução ao CD: «A seleção de peças reflete uma rica diversidade poética, desde os versos de Eugénio de Andrade e Alexandre O’Neill até à poesia japonesa do século XII. Cada composição é um encontro entre música e palavra, evidenciando a profundidade e a pluralidade da criação artística portuguesa.»

No passado mês de dezembro, no âmbito da série, Cadernos da Criação Musical Portuguesa dos Séculos XX e XXI, o MIC.PT lançou um novo Caderno, #24, dedicado à compositora Ângela da Ponte. Esta série de edições bilingues constitui uma «introspeção» no trabalho de cada uma das compositoras / compositores, sendo simultaneamente um incentivo para investigar e (re)descobrir a sua música, assim como a sua reflexão estética e filosófica. Cada um dos Cadernos é composto de uma nota biográfica, questionário / entrevista ou artigo musicológico, catálogo de obras com duas ordenações (por instrumentação e por ordem cronológica) e ainda discografia. Presentemnete estão disponíveis em versão impressa os seguintes Cadernos: #1 · Paulo Ferreira-Lopes; #2 · Sara Carvalho; #3 · António Ferreira; #4 · António Chagas Rosa; #5 · Bruno Gabirro; #7 · Patrícia Sucena de Almeida; #10 · Pedro Rebelo; #12 · João Madureira; #13 · António de Sousa Dias · #15 · Isabel Soveral; #16 · Tiago Cutileiro; #18 · João Castro Pinto; #20 · [ka'mi] · #21 · Álvaro Salazar; #22 · Armando Santiago; #23 · Ângela Lopes; #24 · Ângela da Ponte.

Em dezembro o Espaço Crítica para a Nova Música publicou um novo texto de Pedro Boléo – “Clepsydra” de Carlos Marecos: uma ópera distópica. Nesta crítica, o autor escreve sobre a ópera de câmara Clepsydra (2024) de Carlos Marecos (música) e Alexandre Lyra Leite (encenação e libreto), cujo ponto de partida é o poema Branco e Vermelho de Camilo Pessanha. Estreada no passado dia 31 de outubro, os espetáculos da ópera Clepsydra, na interpretação de Joana Manuel (soprano), Rui Baeta (barítono), Carolina Inácio (bailarina), Paula Galiana (violino), Íris Almeida e João Carlos Barata (viola d’arco) e Carolina Veneno (violoncelo), decorreram ao longo do passado mês de novembro no Palácio do Sobralinho (Vila Franca de Xira).

Aos 55 anos, Luís Tinoco, compositor, professor e divulgador, é o Prémio Pessoa 2024. O júri, presidido por Pinto Balsemão, distinguiu este «autor de uma vasta obra que se distribui pela ópera e música teatral, pelo repertório de câmara e sinfónico e pelo bailado» e cuja «linguagem eminentemente pessoal privilegia a comunicação afetiva com o público, sem nunca comprometer o rigor da escrita.» «Paralelamente ao seu trabalho de compositor Luís Tinoco desenvolve também uma relevante atividade pedagógica como professor da Escola Superior de Música de Lisboa e em numerosas oficinas de formação intensiva em Portugal e no estrangeiro», acrescentou o júri do Prémio Pessoa 2024, sublinhando ainda o seu papel como diretor artístico do Prémio Jovens Músicos, «que muito tem contribuído para estimular e promover novas gerações de intérpretes formados pela rede de escolas de música de todo o país».

O MPMP Património Musical Vivo, com apoio do Ministério da Cultura/ Direção-Geral das Artes, anuncia a sexta edição do Prémio Musa, criado com o intuito de distinguir a excelência musical da composição contemporânea de tradição erudita ocidental e de, nesse contexto, promover a língua portuguesa como veículo expressivo. O Prémio Musa é aberto a compositores de quaisquer idades e nacionalidades e as obras devem ter como ponto de partida letras de José Mário Branco. O júri do Prémio Musca 2024 é constituído por três compositores: Daniel Moreira, Nuno da Rocha e Sara Ross. A data limite para o envio das partituras é o dia 15 de fevereiro de 2025, às 23h59, hora de Portugal continental.

No passado mês de novembro o MIC.PT publicou no Canal YouTube mais duas Entrevistas do ciclo Na 1.ª Pessoa com os compositores Diogo da Costa Ferreira e Luís Neto da Costa, conduzidas pelo musicólogo e jornalista Pedro Boléo e gravadas em 2023 no O’culto da Ajuda em Lisboa.
Presentemente o Canal YouTube do MIC.PT contém vídeos com 35 Novas Entrevistas a compositoras e compositores residentes em Portugal realizadas desde 2019, assim como oito Entrevistas do Arquivo do MIC.PT realizadas entre 2003 e 2005.
Conduzidas por Pedro Boléo, filmadas no O'culto da Ajuda em Lisboa e realizadas no contexto do ciclo Na 1.ª Pessoa das emissões radiofónicas Música Hoje e Música de Invenção e Pesquisa (produzidas pelo MIC.PT e pela Miso Music Portugal para a Antena 2), estas Novas Entrevistas constituem uma (re)visita ao universo criativo dos vários compositores e compositoras editados pelo MIC.PT, dando seguimento às Entrevistas Históricas realizadas pelo MIC.PT há quase 20 anos e que agora constituem registos únicos da evolução da linguagem de cada um dos artistas entrevistados.
Para aceder às Entrevistas sigam as ligações em baixo e/ ou visitem o Canal YouTube do MIC.PT.