Categoria Musical Música Electroacústica sobre suporte
Instrumentação Sintética Electroacústica sobre Suporte
Notas Sobre a Obra
Toiles II foi composta em Setembro de 1978 no CEMAMU, utilizando a versão "A" do sistema UPIC. Atendendo a circunstâncias e condicionalismos particulares de ordem psicológica, ao meu desconhecimento completo do sistema, do seu tempo disponível e das suas limitações da época, servi-me de conhecimentos técnicos tradicionais e prática anterior, tendo ainda como base estrutural a mesma ideia que presidiu à obra para orquestra de 48 cordas Toiles I. Devido à pobreza de timbre do mesmo, procurei resultados satisfatórios explorando grandes densidades, os seus movimentos globais e parciais. Assim, os sons individuais e interessantes em si mesmos, associados de várias formas - registos, contracções, cinetismo, etc. - tornavam-se irreconhecíveis em função do grande número de sons em toda a zona de sons possíveis. Devido às limitações da época (dificuldade na "armazenagem" de carga "excessiva", por exemplo), conservaram-se o mais possível as mesas formas de onda e amplitudes, o que dá um resultado talvez demasiado homogéneo, sem cor interior.
Ao mesmo tempo que compunha fragmentos de tipo contínuo, de que Toiles II é a organização concreta global, outros fragmentos de tipo descontínuo iam nascendo, que reunidos iriam dar origem a outra obra bem diferente. Estas dezenas e dezenas de páginas são protagonistas de dezenas de horas dramáticas de luta da máquina com a imaginação, da sofreguidão da busca com os primeiros passos do sistema, das lutas do vocabulário com os bloqueios da história individual, do diálogo e da luta solitária com as noites de Setembro de 1978.
Cândido Lima
