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Emmanuel Nunes inicia os seus estudos em Harmonia, Contraponto e Fuga em 1959 com Francine Benoît, na Academia de Amadores de Música de Lisboa, onde também frequenta as aulas de Louis Saguer sobre Escrita Musical do Século XX, revelando-se estas últimas de extrema importância para o compositor. Entre 1960 e a sua partida para Paris, em 1964, tem aulas particulares de Composição com Fernando Lopes-Graça, uma vez que sendo membro do Partido Comunista, este havia sido proibido de leccionar pelo Regime Fascista. Entre 1962 e 1964 frequenta os Cursos de Verão de Darmstadt, onde se interessa sobretudo pelas aulas de Henri Pousseur e Pierre Boulez. Passa então um ano em Paris, preparando-se para estudar composição com Karlheinz Stockhausen e novamente com Henri Pousseur na Rheinische Musikschule de Colónia de 1965 a 1967. Regressa a Paris onde volta a trabalhar em solitário até 1970. Por forma a obter uma bolsa do Ministério de Educação Nacional em Portugal, Emmanuel Nunes inscreve-se nas aulas de Estética de Marcel Beaufils no CNSM (Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris). Obtém o seu primeiro prémio em 1971 depois de desenvolver com Michel Guiomar, na Sorbonne, uma tese sobre a 2ª Cantata de Anton Webern e a evolução da linguagem musical dessa época, trabalho que deixará inacabado. De 1974 a 1976, Emmanuel Nunes é responsável pelas aulas de Iniciação à Composição do Séc. XX da Universidade de Pau (em França), destinadas a futuros professores de Educação Musical. A partir de 1981, dirige seminários de Composição na Fundação Gulbenkian em Lisboa e no ano seguinte é convidado por Ivan Tchérépnine para realizar conferências sobre a sua música na Universidade de Harvard. De 1986 a 1991 desempenha as funções de professor na Escola Superior de Música de Freiburg em Breisgau. De 1990 a 1994 lecciona Composição e Música de Câmara na Escola Nacional de Música de Romainville e Composição no CNSM (Escola Superior do Conservatório Nacional de Música e Dança de Paris) a partir de 1992. Em 1985 é convidado por Pierre-Yves Artaud para dar um conjunto de seminários subordinados ao tema “L’attitude instrumentale” no IRCAM (Institut de Recherche et Coordination Acoustique / Musique), que virá a repetir no ano seguinte durante os Ateliers de Verão de Darmstadt. Em 1995 lecciona na Academia de Verão do IRCAM e novamente em Darmstadt em 2002. Em 2004, é convidado para realizar uma série de aulas, conferências e concertos na Universidade Católica de Santiago do Chile. Os primeiros concertos de Emmanuel Nunes têm lugar na Fundação Gulbenkian em Lisboa, nomeadamente Purlieu em 1970 e Dawn Wo em 1971, na sequência dos quais André Jouve o apresenta em “Perspectives du XXème siècle”, naqueles que foram os seus primeiros concertos em Paris. Em 1975, a estreia de Voyage du Corps (para conjunto vocal e electrónica em tempo real) no Festival de Royan, está na génese do seu encontro com Tristan Murail que passa a incluir regularmente Emmanuel Nunes no “L’Itinéraire” até 1980. A sua notoriedade é reconhecida em 1977 com a ida da Orquestra de Baden Baden a Royan para a estreia de Ruf e a sua repetição no mesmo ano durante Festival de Donaueschingen, sob a direcção de Ernest Bour. No seguimento destes concertos, é convidado a mudar-se para Berlim por um período de um ano como bolseiro da DAAD. É a partir do fim dos anos 70, com a entrada de Luís Pereira Leal como director musical na Fundação Gulbenkian em Lisboa, que a sua obra passa a ser apresentada com regularidade, recebendo diversas encomendas e ainda através de duas retrospectivas de relevo. Entre 1986 e 1988 e pelas mãos do Ensemble Modern e de Ernest Bour, os concertos de Emmanuel Nunes multiplicam-se por vários países, sobretudo com as obras Wandlungen e Duktus. 1992 é o ano da apresentação de Quodlibet no Coliseu dos Recreios de Lisboa, peça para conjunto vocal, seis percussões e orquestra, que volta a ser tocada cerca de 15 vezes pela Europa. No mesmo ano, o Festival de Outono em Paris dedica-lhe uma retrospectiva, bem como apresenta vários concertos em 1994 e 1996, com a estreia de Omnia Mutantur Nihil Interit. Também em 1995 e 1996, são tocadas várias obras do compositor durante o Festival de Edimburgo. Emmanuel Nunes trabalha com regularidade no IRCAM desde 1989, ano em que começa a compor Lichtung I e inicia um percurso de estreita colaboração e pesquisa com Eric Daubresse, que mantém até hoje. O seu trabalho com o “tempo real” termina em 1992 com a estreia de Lichtung I em Paris e da primeira versão de Lichtung II em 1996; as versões definitivas e integrais das duas peças virão a ser tocadas no ano 2000 em Paris, pelo Ensemble Intercontemporain, dirigido por Jonathan Nott. No entanto, diversas obras suas têm sido compostas sem recurso a meios informáticos. Nos anos 90, compõe Musivus e realiza uma nova versão de Nachtmusik II, duas obras para grande orquestra que virão a ser apresentadas respectivamente em 2000 na Filarmónica de Colónia e em 2002 em Donaueschingen. Duas importantes retrospectivas do compositor são levadas a cabo pelo Festival Ars Música de Bruxelas em 1999 e pelo Festival Tage für Neue Musik de Zurique em 2000. É também de realçar a estreita colaboração mantida com o Remix Ensemble, desde a criação deste agrupamento portuense. Presentemente, o compositor tem dois projectos em curso: uma ópera baseada no conto de Goethe Das Märchen; e uma série de peças inspiradas na novela La Douce de Dostoievsky, que serão reagrupadas para apresentação ao vivo e que formarão uma obra a meio-caminho entre o Teatro e a Ópera de Câmara e em que o protagonismo é dado ao recitante. Improvisation é o título geral destas peças, sendo que as duas primeiras são estreadas no Festival Wittener Tage em 2003; uma por Christophe Desjardins para viola solo e outra pelo Ensemble Recherche, dirigido por Franck Ollu. Emmanuel Nunes é Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris VIII desde 1996 e a sua carreira musical tem sido reconhecida por várias entidades, designadamente através do Prémio CIM – UNESCO em 1999 e do Prémio Pessoa em 2000.