Encomendada pela FCG para assinalar o cinquentenário da Orquestra Gulbenkian, a obra sinfónica de Vasco Mendonça (Porto 1977) “Group Together, avoid speech” estreou-se a 17 e 19 de Outubro de 2012. Trata-se de uma obra sinfónica belíssima, de rara intensidade e que surpreende também pelo recurso a combinações tímbricas originais (como por exemplo a maravilhosa passagem de percussões na segunda parte da obra ou na terceira o triálogo entre a secção dos contrabaixos e os contrabaixo e violoncelo solistas), que são de uma grande eficácia – se é que o termo eficácia se pode aplicar em relação à percepção do ouvinte quando relacionada com uma escrita orquestral da sensibilidade e inteligência como é a de Vasco Mendonça, um compositor decididamente entusiasmante e de grande talento.

A obra começa associada a uma pulsação preambular, e é a partir desta que se começa a desenvolver o dispositivo concertante (quinteto de cordas e quarteto de madeiras, ao qual vem somar-se em mais de uma ocasião a percussão e os metais). E o que se desenvolve ao longo das suas três partes é um grande momento musical que seria muito difícil, e sobre tudo desnecessário, tentar traduzir por palavras.

Já previamente, ainda antes que se emita o primeiro som, o compositor avisa-nos desde o programa impresso que “uma festa é uma festa” e que, neste caso, esta “é uma festa especial”. Confessa-nos também que para além da efeméride tentou retribuir à orquestra e fundação o facto de, “sem saberem, [terem desempenhado] um papel insubstituível na [sua] formação como músico”.

Retribuição feita, o resultado é uma obra digna de integrar o repertório de qualquer grande orquestra. Esperemos então que a sua destinatária assim o entenda e nos permita voltar ouvi-la muito em breve. Reprogramá-la será não só o reconhecimento do valor e da qualidade de “Group Together, avoid speech”, mas também um modo de ajudar a que a obra circule e venha a ser interpretada por outras orquestras nestas e noutras latitudes.

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