Título 3 Canções sobre Textos de José Carlos González
Tipo de Registo Áudio Música
Tipo de Suporte CD
Faixas 17-19
Número de Pistas 2
Duração 00:05:36
Intérpretes da Gravação Ângela Silva (voz), Paulo Guerreiro (trompa), Franscisco Sassetti (piano)
Observações
Três canções op 91 sobre textos de José Carlos Gonzalez e Vocalizo
José Carlos González figura, em meu entender, entre os grandes poetas da sua geração, fazendo parte do celebrado grupo do café Gelo, que tanta relevância teve no movimento surrealista em Portugal.
Era um homem com uma extrema sensibilidade para a música, um profundo conhecedor do repertório musical, e a sua poesia - abordando directamente, nalguns casos, obras de grandes compositores, como seja o caso do “Octeto” de Schubert… - reveste-se ela mesma de uma rítmica e de uma linguagem expressiva que a tornam particularmente musicável…
Lamentavelmente, o tempo não deu para que eu pudesse produzir mais Lieder sobre textos deste autor, simultaneamente um grande amigo pessoal, existindo apenas estes que aqui se apresentam…
Como se notará, eu procuro ser coerente na ideia de que não existem instrumentos mais importantes do que outros, tudo dependendo do momento exacto em que intervêm e se joga com as suas características - pelo que nunca abro de modo algum uma excepção para a voz.
Isto também exclui por completo a ideia - para mim, altamente redutora - do chamado acompanhamento: na música que eu faço, ninguém acompanha ninguém, pelo que todos podem ser solistas, nesta ou naquela passagem… Por isso, ao escrever para voz, piano e trompa, posso também estar escrever para trompa, piano e voz - ou piano, voz e trompa… -, não havendo propriamente nenhum elemento que se sobreponha por natureza aos outros.
Há, sem dúvida, instrumentos que já são em si mesmos mais ou menos discretos do que outros, mas isso é uma mera questão de carácter…
E o facto de a voz pronunciar as palavras, não significa, a meu ver, que os outros instrumentos também não estejam a interpretar o sentido do texto.
Aliás, o Vocalizo foi igualmente composto sobre um texto de José Carlos González, cujo sentido está na própria música, pelo me lembro perfeitamente de lhe ter comunicado que, naquele caso específico, iria prescindir das suas palavras.
Como surrealista convicto, ele concordou imediatamente, considerando ainda que competia ao ouvinte imaginar essas palavras e as ideias que elas transmitiam, sem se deixar influenciar pela sua leitura…
Temos portanto neste disco os quatro ( e não três) Lieder que escrevi sobre textos de um grande poeta que o grande público ainda não conhece tanto como seria justo e importante para a valorização do património cultural português.
António Victorino D’Almeida – Fev, 2010
Acesso